A Dor de um Amor Perdido
No véu da noite, o vento murmura,
um canto sombrio de amarga tortura.
A lua pranteia em pálida cor,
testemunha silente do meu dissabor.
Ó tempo impiedoso, cruel carniceiro,
roubaste-me o brilho, levaste-me o cheiro,
os lábios que um dia sorriam por mim,
agora são sombras num frio sem fim.
Onde repousa teu riso encantado?
Em qual horizonte, em qual céu estrelado?
Gritar teu nome é lançar ao vazio
o eco tristonho de um sonho tardio.
A vida desfalece em lânguidos passos,
abraça-me o luto em seus gélidos braços.
Sou nau sem leme, sou cinza ao luar,
prisioneiro eterno de um mesmo olhar.
Se a morte é um véu entre mundos distantes,
espera-me, amor, entre os astros errantes.
Quando o sopro final me vier redimir,
serei tua sombra, serei teu sentir.
ALEXANDRE M. BRITO